Acompanhe a análise de algumas das obras mais importantes de Kandinsky e conheça detalhes sobre o seu desenvolvimento artístico e suas principais influências como as raras figuras humanas surgem nas primeiras obras de Wassily Kandinsky por influência do seu trabalho etnográfico no interior da Rússia.

Sunday (Old Russian) – 1904

Sunday (Old Russian) - 1904

Nos primeiros anos, além da sua forte formação religiosa cristã ortodoxa, as obras de Wassily Kandinsky sofrem também grande influência da cultura regional da Rússia, que ele adquiriu através dos anos de estudos e trabalhos etnográficos no interior do país, principalmente na cidade de Vologda.

Murnau am Staffelsee -1905

Murnau am Staffelsee -1905

Nos primeiros anos, além da sua forte formação religiosa cristã ortodoxa. Por outro lado, ainda sobre influência do fauvismo, onde blocos de cores distintas se destacam, a pintura objetiva começa a ceder à pintura subjetiva.

Equitação dos pares -1906

Equitação dos pares -1906

Esteticamente, o pontilhismo e o fauvismo também influenciaram as obras de Wassily Kandinsky.
Acima de tudo, o pontilhismo e as cores nas suas obras, são usados para causar uma vibração psíquica que se transforma em sentimento real.

Improvisação II – 1910

Improvisação 11

A partir de 1910  a subjetividade domina sua pintura e as formas, quando existentes, deixam de ser facilmente reconhecidas. Pintou várias “improvisações” que considerava a “expressão da natureza interior“.

Impressão III (Concerto) – 1911

Impressão III (Conserto) - 1911

As “Impressões” são consideradas “observação do mundo“.
A obra Impressão III foi pintada após o concerto de Arnold Schoenberg. Percebe-se o piano, uma forma em preto e a platéia colorida.

Obra Composição VI – 1913 Wassily Kandinsky

As “Composições” marcam toda a sua vida. Kandinsky considerava “que ali encontrava a fusão do consciente e do inconsciente, interno e externo.”

A primeira Composição foi em 1910 e a última em 1939.
Neste quadro, Composição VI de 1913, Wassily Kandinsky propõe que o centro principal de uma tela está em algum lugar que precisa ser buscado.

É preciso varrer a tela com os olhos e procurá-lo.
Estudiosos do quadro Composição VI observam que, para isso, ele intencionalmente cria uma sensação de vapor através das cores esfumaçadas para remeter às incertezas das distâncias. Fazendo assim com que nossos olhos passem por outros dois centros além do centro principal.

Portanto, para Kandinsky, “a percepção interior de toda pintura é definida pelo centro principal situado em algum lugar”. Enquanto que a dramaticidade da obra é dada pelas linhas e traços, às vezes duros e às vezes tênues em movimentos sinuosos. E, para concluir, usa as cores para estimular vários estados de espírito, como paz, calma ou atividade.

Análise do quadro Preto e Violeta – 1923

Abstração geométrica

Preto e violeta 1926 kandinsky
Óleo sobre tela – 77,5 × 100,0 cm – Munique, The Städtische Galerie im Lenbachhau

Como resultado de suas teorias sobre o abstracionismo, Kandinsky evitava nomear suas obras de forma que interferisse na abstração. Nomeava por cores ou formas que se destacasse. Acima de tudo entendia que o auge do abstrato se dá no encontro do inconsciente com o consciente.
Conforme estudiosos do pintor, neste quadro há dois veleiros navegando em águas calmas, no retângulo violeta.

No outro lado, um barco que exibe uma “bandeira da Rússia”, e parece tentar sair de uma figura oval negra. Estudiosos perguntam se seria uma previsão de retorno à Rússia?
Uma das mais importantes obras, feita numa fase de grande inspiração pois tinha como companheiros Albers, Bayer, Breyer, Gropius, Feininger, Itten, Klee, Muche, Moholy-Nagy, Schlemmer, Schreyer e outros.

Composição VIII – 1923 Wassily Kandinsky

Abstração geométrica

Com influencia do suprematismo, o forte ritmo desta obra é dado por pontos e linhas. Por outro lado, as cores e texturas dos elementos geométricos trazem o equilíbrio.

Aparentemente caótica, por ser totalmente assimétrica, a obra Composição VIII está estruturada na teoria ponto, linha, plano. Ou seja, em sua teoria, o ponto é onde o objeto toca a tela, que são os círculos. Quando o ponto se desloca forma a linha e quando a linha se desloca forma o plano, que são as cores, que podem ser fluidas ou compactas, como no caso das formas geométricas.

Óleo sobre tela – 77,5 × 100,0 cm – Munique, The Städtische Galerie im Lenbachhaus
Composição VIII 1923 kandinsky angela lemos atelie

Portanto, na obra Composição VIII de Wassily Kandinsky, o agrupamento de cores e as linhas “formam” três grande triângulos (que tracei em azul claro e preto), que se encontram em planos diferentes.

Existe três planos que podem ser observados pelas sobreposições das cores, dos pontos e das linhas.
Concluindo nossa análise, demostramos o equilíbrio dado conscientemente por Kandinsky, visto que tudo que está nos dois triângulos traçados em linhas azuis se contrapõem com o que é abrangido pelo triângulo em preto e o círculo transparente que envolve dois círculos .

Círculos em um círculo – 1923 Wassily Kandinsky

Kandinsky 1923 Circulos dentro do Circulo
Óleo sobre tela – 77,5 × 100,0 cm – Munique, The Städtische Galerie im Lenbachh

Abstração geométrica

Esta foi a primeira vez em sua obra que o círculo entrou no primeiro plano.

Enquanto as duas faixas diagonais acentuam essa perspectiva de planos, forçando a observação da interação entre os círculos, o círculo preto delimita um quadro dentro do quadro.

Composição IX – 1936 Wassily Kandinsky

Abstração biomórfica

Composição IX 1936 kandinsky


Kandinsky introduziu formas parecidas com as do surrealismo. Além disso, faixas coloridas, de grandes contrastes, servem de base para os elementos geométricos e biomórficos que parecem flutuar. Enquanto isso, no centro acima, tudo se dá dentro e em torno de um contorno preto.

Composição X – 1939 Wassily Kandinsky

Abstração biomórfica

kandinsky Composicao VIII angela lemos atelie

Primeiro chama atenção o incomum uso da cor preta como predominante, geralmente usada em detalhes. Esse uso ganhou um simbolismo por ter sido essa a sua última Composição. Sobre esse fundo negro, em torno de um objeto central que parece um livro, todas as formas flutuam direcionadas para cima e para os lados, como no cosmo.